Como ajudar alguém a superar a perda de um parente

Lidar com a perda de uma pessoa querida e superar o luto é uma das situações mais difíceis que poderemos enfrentar na vida, se não for a mais difícil de todas.

Parece impossível acreditar que alguém que amamos não estará mais presente fisicamente em nossos dias, e o baque é tão forte que quase sempre nos faz cair em períodos prolongados de tristeza e depressão.

Lidar com o luto

  • Todos têm formas diferentes de reagir à morte de uma pessoa querida, e contar com apoio pode ser a chave para superar o luto e a dor insuportável que a situação nos causa.
  • Estudos mostram que, conforme o tempo passa, ter o suporte de amigos e da família e manter os hábitos de uma vida saudável fazem com que as pessoas tenham menos dificuldade em superar a tristeza.
  • No entanto, dependendo do impacto que a perda cause na pessoa afetada, o período de recuperação pode variar de alguns meses até mais de um ano.

Quando pensamos em luto, imaginamos apenas sintomas emocionais, mas os sintomas físicos também são comuns.

As pessoas que passam por esta situação costumam sofrer de cansaço extremo e perder completamente o apetite e o desejo sexual, por exemplo.

Quando o luto é tão forte que vem acompanhado de uma depressão, a recomendação é buscar ajuda psicológica profissional, que possa ajudar a descobrir a melhor forma de superar a perda.

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Se você ou alguém que você conhece estiver passando por um momento como esse, tenha em mente as seguintes recomendações que podem ajudar a aceitar a ausência da pessoa amada e continuar vivendo no seu ritmo habitual.

Como Ajudar Alguém a Superar a Perda de um Parente

O tempo para superar o luto

Infelizmente, não há fórmula mágica para superar o luto. Somente o tempo é capaz de atenuar o sentimento de profunda tristeza que sentimos.

O tempo de superação varia de pessoa para pessoa, portanto, não se compare com os outros; cada um tem o seu tempo, e precisamos dele para aceitar que teremos que continuar nossas vidas sem a pessoa que perdemos.

Aceitar o luto

Muitas pessoas levam algum tempo para processar o acontecimento. Algumas reagem com raiva, outras ficam anestesiadas, muito apáticas e não sentem nada. Até que finalmente “a ficha cai”, e compreendemos que realmente o pior aconteceu.

Neste momento, precisamos aceitar o luto e abraçá-lo. Sofrer o que tivermos que sofrer, chorar o que tivermos que chorar. Temos que lidar com as nossas emoções e entender que a superação virá pouco a pouco, com o tempo.

Expressar os sentimentos

Em um momento tão delicado como este, nada de bom poderá surgir da repressão de nossos sentimentos.

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  1. É importante expressá-los, compartilhando a dor que sentimos pela ausência da pessoa querida com outros que estejam sentindo a mesma angústia, ou até com pessoas próximas que estejam simplesmente dispostas a ouvir e ajudar.
  2. Falar sobre o que aconteceu é uma forma de aceitar aos poucos que, infelizmente, a pessoa que amamos não estará mais conosco, e só teremos as lembranças dos momentos felizes que passamos juntos.
  3. Quando não expressamos nossas emoções de tristeza e frustração podemos ficar deprimidos e cair em um estado de isolamento que nos afetará ainda mais física e psicologicamente.

A vida continua

Perder alguém querido pode nos tirar a vontade de prosseguir com nossas próprias vidas, mas a realidade é que ela continuará, e há outras pessoas que também precisam de nós.

Se a pessoa que você perdeu sempre quis o melhor para você, certamente irá se alegrar em ver que você poderá ser feliz mesmo com a sua ausência.

Tente fazer atividades que te distraiam e que sejam prazerosas, compartilhando os momentos com amigos e familiares. Um animal de estimação também pode ajudar muito nesta situação delicada.

Todas estas atitudes irão contribuir para superar o luto pouco a pouco, e ajudarão a retomar o gosto pela vida.

Apoiar a família

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  • Apesar de sentirmos muita dor, temos que lembrar que não somos os únicos que estão sofrendo com a perda, e talvez nossos familiares também precisem de suporte emocional.
  • Quando apoiamos os outros, temos uma possibilidade maior de nos sentirmos melhor e mais fortes, além de ajudar os outros a fazer o mesmo.
  • A família pode aproveitar para relembrar momentos felizes ao lado da pessoa que se foi, e todas as histórias que ficarão para sempre na memória e no coração de todos.

Quando alguém perde um ente querido: aprenda o que dizer

Confortar alguém que sofre é uma ação de generosidade e amor. Mas muitas pessoas têm dúvidas sobre o que dizer quando alguém perde um ente querido.

Afinal, a dor do luto é muito forte e pode ser difícil encontrar palavras que ajudem a consolar os que ficaram. Neste momento, é essencial ter bom senso e evitar frases cheias de lugares comuns, que não ajudam a confortar e ainda podem piorar a situação do enlutado.

Quer saber como agir neste momento? Continue a leitura e aprenda com a gente!

Como funciona o luto?

O primeiro passo para ajudar alguém que sofre com a morte é entender o luto como um processo natural que não tem um tempo pré-definido. Na verdade, quanto mais próximo for o falecido, mais intenso e prolongado pode ser o luto. Outro ponto essencial é compreender as 5 fases do luto, que são:

  1. negação: é uma maneira da mente se proteger da dor, o enlutado passa a negar a realidade, evitando falar sobre o assunto ou não aceitando a morte (acredita que foi um engano e a pessoa ainda irá retornar);
  2. raiva: o enlutado passa a se sentir injustiçado e sente raiva do mundo, da família, dos médicos, de Deus e de todos que possam ser “culpados” pelo ocorrido, inclusive pode sentir raiva de si mesmo;
  3. barganha: é a fase de negociação quando o enlutado passa a fazer promessas a Deus ou outras divindades nas quais ele acredita, com discursos como “serei uma pessoa melhor, mais gentil, caridoso, terei uma vida saudável”;
  4. depressão: agora a perda começa a se tornar mais real e presente no dia a dia e o enlutado passa a sentir uma tristeza mais intensa, podendo até se isolar do contato com as pessoas próximas;
  5. aceitação: por último, o enlutado começa a aceitar a realidade sem a pessoa falecida e se torna pronto para enfrentar a perda e continuar a sua vida. Embora ainda exista a saudade, ela não é mais tão sofrida como nas outras fases.

Entender cada uma dessas etapas é muito importante, pois só assim você saberá identificar em qual fase o seu amigo ou familiar se encontra, oferecendo uma ajuda mais precisa e até compreendendo alguns dos sentimentos que o enlutado está apresentando. Assim, é possível identificar se eles são ou não normais.

O que dizer quando alguém perde um ente querido?

Como Ajudar Alguém a Superar a Perda de um Parente

Muitas vezes, mais importante do que dizer palavras “mecânicas” é oferecer o seu apoio, dando um abraço sincero e se colocando à disposição para ouvir ou ajudar no que for preciso. É essencial demonstrar empatia, compreensão e sensibilidade com o sofrimento alheio. Veja algumas ideias do que dizer ou fazer neste momento:

“Se precisar, estarei aqui, conte comigo”

Como dissemos, se colocar à disposição do enlutado é uma ótima maneira de demonstrar apoio, carinho e empatia. Esse é um momento muito difícil e quem sofre precisa de todo o suporte da família e dos amigos.

Abrace quem está sofrendo e demonstre que você pode e irá apoiá-lo no que for necessário. Isso é um gesto extremamente bonito e certamente fará diferença para quem está vivenciando a dor da perda.

“Sei que, quando estiver preparado, seguirá com a sua vida”

Muitas pessoas têm o costume de dizer frases como “seja forte”, “não chore”, “pense nos seus filhos” e assim por diante. Mas quem disse que é preciso ser forte?

Deixe o enlutado demonstrar seus sentimentos, lembre-se que, nesse momento de dor tão profunda, o futuro é o menos importante. Mas se ainda quiser passar uma mensagem de “otimismo”, lembre-o de que, um dia, essa dor será menor e a pessoa conseguirá continuar vivendo, mesmo com a falta de alguém tão especial.

Muitas pessoas enlutadas sentem-se inúteis. Vale lembrar que o enlutado não é alguém sem importância, apenas uma pessoa que está sofrendo e passando por uma perda significativa, mas que, assim como tudo na vida, isso também será superado.

“Eu não sei como você se sente”

Por mais que já tenhamos perdido alguém, o luto nunca é o mesmo e cada pessoa o sentirá de uma forma diferente. Então, seja sincero, e diga que você não tem ideia de como a pessoa se sente, mas que mesmo assim, deseja ajudar no que for possível.

Afinal, por mais que não conheçamos a extensão da dor do outro, podemos nos sensibilizar com ela. Você pode ser sincero e dizer que não tem ideia de como o outro está sofrendo, mas que sente de verdade por essa situação e que estará ali para o que for preciso.

“Viva o seu luto e não o luto dos outros”

Essa é uma frase de força muito interessante e que pode ajudar em todas as fases do luto. Como dissemos, cada um sente a perda de uma maneira diferente.

Enquanto uns podem chorar com mais frequência ou em público, outros são mais retraídos. Enquanto alguns se recuperam mais rápido, outros podem demorar mais.

Não existe uma “receita” de como deve ser o luto. Assim, deixe que a pessoa vivencie seus sentimentos e entre em contato com eles do jeito que for melhor para ela.

Lembre-a de que cada luto é diferente e que ela poderá expressar a sua dor como achar melhor. Dê espaço e força para que isso aconteça.

O que não dizer nesses momentos

Embora seja excelente saber o que dizer quando alguém perde um ente querido, é fundamental entender o que não deve ser feito, de modo a evitar gafes e, claro, deixar o outro ainda pior. Separamos algumas frases que devem ser evitadas. Confira:

  • “Como você está?”: embora essa seja uma frase protocolar, o enlutado certamente dará uma resposta automática e que não condiz com a sua situação, afinal ele acabou de perder alguém querido é óbvio que não se sente bem;
  • “Ele (a) está em um lugar melhor”: tome cuidado caso você não saiba quais são as crenças do enlutado. Em algumas situações, essa frase pode acabar desmerecendo ou reduzindo os sentimentos de quem está sofrendo;
  • “Diga se existe algo que eu possa fazer por você”: muitas ofertas de ajuda podem deixar o enlutado perdido e, nesse momento, ele se sente sem forças até mesmo para escolher a quem pedir ajuda. O melhor é tomar a frente e realizar algumas ações mais simples;
  • “Isso acontece com todo mundo em algum momento”: é claro que a morte é parte da vida de todos, mas dizer isso a quem sofre é minimizar a dor alheia e não ajuda em nada;
  • “Ele (a) ia preferir que fosse assim”: é muito difícil saber quais eram as preferências de quem partiu, salvo quando a pessoa deixou claro as suas instruções. Se você não sabe o que o falecido gostaria, é melhor não dizer nada, já que isso pode gerar discussões desnecessárias;
  • “Não chore, ele (a) não ficaria feliz em lhe ver assim”: embora ao dizer isso o que se deseja é encorajar o enlutado, a situação poderá ser contrária. Deixe quem está sofrendo demonstrar a sua dor e não tente limitá-la.
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Atenção ao luto patológico

Por último, uma boa maneira de ajudar quem está sofrendo é prestar atenção em como essa pessoa está vivenciando o luto. Caso você note que ela está passando muito “tempo” em uma das fases ou que a tristeza profunda está se transformando em outros problemas, como uma depressão mais forte, síndrome do pânico, distúrbios de ansiedade e outros, o melhor a fazer é buscar ajuda.

Converse com um terapeuta e leve o enlutado a uma terapia do luto. O profissional poderá orientá-lo da melhor maneira possível e ajudá-lo a superar a dor da perda.

Quando o luto se transforma em doença

Como Ajudar Alguém a Superar a Perda de um Parente

O luto pode se transformar em doença quando se torna mais difícil que o habitual: é o que os especialistas chamam de “luto complicado”.

Lidar com a perda de um ente querido não é tarefa fácil. Entretanto, o luto é um processo pelo qual – infelizmente – todas as pessoas deverão passar a fim de amenizar o sofrimento gerado pela ausência do outro. O problema ocorre quando essa fase natural se torna mais difícil que o habitual: o que os especialistas chamam de “luto complicado”.

A psicóloga Juliana Batista, do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo, explica que todo processo de luto tem um começo, um meio e um fim. “Diversas reações emocionais são despertadas [com a morte de alguém], como tristeza, ansiedade, culpa e raiva. Isso é muito comum.

A pessoa também pode, num primeiro momento, querer se isolar do convívio social. Em relação às alterações físicas, podem ocorrer sudorese, palpitação e fraqueza, já que o corpo fica sob estresse.

A reação varia de pessoa para pessoa, mas não há como evitar o processo de luto.”

Todo mundo se pergunta quanto tempo esse processo vai durar. Segundo a psicóloga, é  bastante comum ouvir a queixa: “faz tanto tempo que fulano faleceu e a esposa ainda não superou a perda”. Na verdade, não existe um tempo certo para superar a perda de alguém, isso depende de cada pessoa, do modo como ela enfrenta e aceita a situação. Para alguns pode demorar meses, para outros, anos.

“O primeiro ano após a perda é o mais difícil, porque é nesse ano que ocorrem todos os primeiros aniversários sem a pessoa próxima. Isso não significa que seja necessário um ano exato para superar a morte.

Um processo de luto é bem sucedido e finalizado quando a pessoa consegue superar a perda e seguir em frente. Não é que ela vai esquecer a pessoa, pois as lembranças e a ausência continuarão.

Entretanto, a perda não vai mais ocupar um lugar de destaque [na vida dela]”, explica a psicóloga.

Quando por algum motivo o indivíduo não consegue passar por essa fase, ele entra no chamado “luto complicado”. Geralmente, isso acontece com pessoas que perderam entes de maneira abrupta, como em acidentes, tragédias e casos de suicídio e na morte precoce de um filho.

“Nesses casos, todo pensamento e ato estarão associados à perda, a pessoa não consegue se desligar. Ela deixa de realizar as atividades costumeiras, como ir ao trabalho e ao supermercado.

O problema é que, diante de um enlutado crônico, muitas vezes as pessoas querem medicá-lo para sanar os sintomas quando, na verdade, ele precisa ser ouvido”, completa a médica.

Em contrapartida, há aqueles que agem como se nada tivesse acontecido e, alguns dias depois da morte, voltam a trabalhar e lotam a agenda de compromissos. Mas, ainda segundo a especialista, indivíduos que agem assim, na verdade, precisam de cuidados especiais, pois ocupar-se excessivamente é  uma maneira de fugir do problema.

“É uma forma de luto inibido. A pessoa não manifesta as formas de reação mais frequentes, como tristeza e raiva. Ou, então, de luto adiado, quando a pessoa só começa a se dar conta da perda depois de uns quinze dias”, diz Batista.

Aqueles que têm algum familiar ou amigo muito doente podem começar a vivenciar o processo de luto antecipatório, antes da morte do ente.

“Dependendo do caso, esse pode ser um fator de proteção para que o familiar, de repente, não entre num luto complicado.

Porque as perdas progressivas vão acontecendo num intervalo de tempo considerável e assim ele vai se acostumando com a ideia de não ter mais aquela pessoa ao lado”, esclarece.

Em relação às cinco fases do luto (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação), que já foram amplamente divulgadas, a psicóloga esclarece que é difícil enquadrar o paciente em uma delas, pois às vezes ele pode passar por todas as fases ao mesmo tempo ou simplesmente não passar por nenhuma.

Serviço de terapia gratuita em São Paulo

A Faculdade de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) oferece psicoterapia gratuitamente à comunidade. Para agendar basta ligar na secretaria da instituição: (11)3091-8248 / 8223.

Entrevista: psicóloga fala sobre morte e luto

A perda de uma pessoa querida é uma das situações mais difíceis que a vida pode trazer. Na entrevista abaixo, a psicóloga Clarissa De Franco ensina como é possível superar o luto por quem se ama, explica por que a morte é um assunto tabu e ainda afirma que a falta de rituais depois da perda pode deixar as pessoas próximas sem referências.

Qual a importância de uma pessoa viver o luto pela perda de alguém querido?

Clarissa De Franco: Ter espaço para o luto na vida social, familiar, profissional e em outros campos é mais que um direito de quem perde alguém, é um dever humano que temos uns com os outros.

O processo de luto é necessário para a reconstrução do lugar do sujeito que perde alguém. E como todos lidarão com perdas um dia, é importante que se construa um espaço coletivo que legitime o luto como um recurso de saúde não só para o enlutado, mas também para a sociedade.

O processo de luto devolve ao enlutado a chance de uma nova história.

No processo de luto, buscar apoio das outras pessoas ajuda a superar a dor?

Clarissa De Franco: O luto é essencialmente um processo solitário, assim como é vivenciar qualquer dor. Na verdade, podemos e devemos partilhar sentimentos e pensamentos, mas existe algo muito particular no modo como cada um vive esse momento.

Essas circunstâncias de isolamento podem ser realmente necessárias, já que são possibilidades da pessoa entrar em contato com seus sentimentos.

Entretanto, estes momentos devem ser alternados com horas de partilha, até para que a pessoa em luto não perca a referência sobre quem ela é. O luto pode ser tão violento que podem existir momentos de despersonalização, beirando à loucura.

E a família e os amigos, por exemplo, trazem referências, ligando a pessoa ao seu mundo e à sua identidade. É importante reconhecer-se no outro, mesmo que só por um instante.

Para trazer conforto a quem sofreu uma perda muito grande, estar perto já é algo importante, respeitando também os momentos em que a pessoa quer estar sozinha. Além disso, são bacanas pequenos gestos de carinho, alguns convites que lembrem a pessoa que ela tem possibilidades de vida a seu dispor.

Algumas teorias asseguram que o luto possui cinco fases. Quais são elas e que tipo de aprendizado existe em cada uma?

Clarissa De Franco: A teoria mais conhecida é de Elizabeth Kubler Ross, que postulou o luto em cinco fases, que não necessariamente ocorrem em sequência. Basicamente essas etapas seriam: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Elas indicam uma evolução da maturidade de lidar com a morte.

Além disso, é importante dizer que o luto é como se fosse uma existência à parte: quando a vida de todos à volta parece continuar, a do enlutado parece estar em outra frequência, como se fosse uma vida paralela. Essas etapas podem ocorrer também diante de outras perdas e frustrações graves, como no divórcio ou em pacientes terminais.

Elizabeth Kubler Ross explica os estágios de luto da seguinte forma:

  • Negar é usar recursos para afastar a realidade que dói. Agir como se nada tivesse acontecido e agarrar-se demais ao trabalho são comportamentos frequentes. O sentimento de vazio e isolamento é comum nesse período.
  • No segundo estágio, da raiva, é comum procurar um responsável pela dor e não aceitar a impotência diante da morte. Ocorre a oscilação entre os sentimentos de raiva e culpa. Ou seja, ora a energia da dor é dirigida a um objeto de fora (raiva do médico, do hospital, de alguém que esteja envolvido na morte), e em outros a responsabilidade da dor é autodirigida (“se eu tivesse chegado mais cedo”, “eu deveria ter percebido os sinais”), trazendo culpa. A raiva, nesse caso, pode aparecer de forma extrema, com acessos de ira, violência, sarcasmo, agressividade ou amargura.
  • O terceiro estágio, de barganha, é frequente em processos de doenças terminais, quando a pessoa tenta “barganhar” algo para não perder a vida. Barganhar é tentar negociar com o destino, é ainda achar que ele pode ou poderia ter sido alterado pelo enlutado. É não abrir mão do controle, assim como nas fases anteriores.
  • A depressão é o último estágio antes da aceitação. Quem se deprime sai da condição de controlador do destino e passa a reconhecer as limitações humanas. A tristeza, a desesperança, a perda de sentido e a amargura frequentemente acompanham este momento. Se a pessoa passa a ter alterações de sono e apetite, se não encontra mais motivações para fazer nenhuma atividade, se chora muito ou permanece apática, se fica amargurada e possui pensamentos negativos que não consegue controlar, enfim… O enlutado que estiver em sofrimento pode contar com algum profissional desde o início do luto. Entretanto, se os sintomas permanecerem ou se intensificarem após seis meses da morte, é fundamental esse acompanhamento.
  • A aceitação é o processo que nos torna capazes de ver, tocar, falar sobre a morte e, ao mesmo tempo, deixá-la ir para onde tiver que ir. Aceitar não é não sentir dor ou esquecer a morte, mas é modificar o espaço da dor dentro da pessoa. Ela passa a ser capaz de se lembrar de quem partiu sem amargura, ressaltando os aspectos positivos da relação vivida.
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Em sua opinião, por que a morte é considerada um assunto tabu, capaz de assustar muitas pessoas?

Clarissa De Franco: A morte é um tabu porque ela é o maior limite humano. Um psicólogo estudioso do tema, chamado Ernest Becker, afirmou que o ser humano possui uma necessidade vital de ser grandioso. Cada ser humano quer ser notado e reconhecido à sua maneira, e nesse sentido a finitude da vida é inaceitável.

Por isso, criamos constantemente estratégias de burlar a morte. A juventude e a beleza são valorizadas como ideais de uma sociedade que não se aceita finita. O aumento da expectativa de vida e os avanços na medicina nos fazem crer que sempre teremos recursos para postergar a morte.

Além disso, a separação da Igreja e do Estado e a perda do espaço da religião nas esferas públicas faz com que o luto seja empobrecido simbolicamente. Não sabemos o que fazer com a morte. Os rituais de morte tendem a ser rápidos e privativos, e poucas pessoas sabem o que dizer diante de alguém que sofre uma perda.

A verdade é que falta uma educação para lidar com a morte, uma vez que ela faz parte da vida.

falta uma educação para lidar com a morte, uma vez que ela faz parte da vida

Quais tipos de danos a perda de uma pessoa amada pode causar?

Clarissa De Franco: Todo sofrimento pode levar a distúrbios psicológicos.

Os casos mais comuns são transtornos de ansiedade (síndrome do pânico e transtorno obsessivo-compulsivo), transtornos de humor (depressão e transtorno bipolar) e alguns de ordem cognitiva (lapsos de memória e dificuldade de concentração).

Também podem surgir sintomas psicóticos (delírios e alucinações), além de outros de ordem psicossomática (paralisias corporais sem motivos físicos, alterações metabólicas – como distúrbios menstruais e hormonais – e alteração do apetite e do sono).

Como se vê, as perdas de alguém podem acarretar vários tipos de distúrbios e isso deve ser observado pelos familiares e amigos do enlutado. Um processo adequado de luto varia de 6 meses a 2 anos, entretanto a partir do sexto mês já é possível verificar se existem sintomas de depressão. Se possível, os processos de luto devem ser acompanhados por profissionais da saúde.

No caso de mortes súbitas, o processo de luto é diferente?

Clarissa De Franco: Geralmente mortes repentinas, violentas, inesperadas ou de pessoas jovens podem provocar o chamado “transtorno do estresse pós-traumático” – o mesmo que pode ocorrer diante de assaltos ou exposição às situações agudas de estresse.

Este transtorno traz medo extremo, angústia e reclusão, além de pensamentos negativos que acabam por evitar situações sociais em que a pessoa poderia estar vulnerável ou exposta à mesma violência sofrida.

A pessoa acredita claramente que tudo vai ocorrer da pior maneira possível e prefere ficar em casa. Sensações físicas, como calafrios, palpitação e tontura podem ocorrer. Para lidar com este tipo de situação, o enlutado deve buscar ajuda médica e psicológica.

Além disso, manter a prática de exercícios físicos também contribui para o tratamento.

Quando a família perde alguém por conta de atos inconsequentes de outra pessoa – como em acidentes e assassinatos – o sentimento da raiva costuma ficar evidente. Como superar isso?

Clarissa De Franco: A raiva é certamente um dos sintomas centrais deste tipo de luto. E não é preciso negar esse sentimento, pelo contrário. O enlutado precisa de espaço para sentir raiva, sem que as pessoas de fora olhem para ele como se estivesse louco.

Porém, a raiva precisa ser manifestada em um espaço adequado, como o terapêutico, pois é tentador acreditar que, ao canalizar toda a raiva sobre a figura do suposto “culpado”, a dor passará. Mas isso não acontece.

Em casos de mortes violentas, como acidentes e assassinatos, o ideal é que os enlutados passem por acompanhamento psicológico ou psiquiátrico.

Dizem que quando uma pessoa morre depois de passar muito tempo enferma, a família vive o luto aos poucos. Isso é verdade?

Clarissa De Franco: Considero este luto crônico um dos mais nocivos para a saúde dos enlutados. Ele vai aos poucos “roubando” a energia e a esperança das pessoas envolvidas.

O sentimento que se exalta neste tipo de luto é o de impotência e de que as tentativas realizadas antes do desfecho da morte foram vãs.

Ao final do processo, existem as sensações de impotência e alívio, ao mesmo tempo em que o enlutado pode sentir culpa pelo alívio experimentado.

Pessoas que tiveram perdas na família dizem que a saudade diminui, mas nunca passa. Você acredita nessa afirmação?

Clarissa De Franco: A saudade não passa, mas sua representação se transforma. Isso quer dizer que no início, diante do impacto da perda, a saudade dói constantemente.

Esta dor vai sendo redimensionada e aos poucos a saudade pode ocupar um lugar diferente.

O aperto no peito, a angústia e o vazio podem ser substituídos por lembranças que oscilam entre o sentimento de falta e o carinho pela pessoa que se foi.

O enterro de uma pessoa costuma ser doloroso para os que ficam. É necessário passar por esse ritual?

Clarissa De Franco: Os rituais de morte são muito importantes para a elaboração do luto. Eles são elementos de despedida que conferem respeito e dignidade à memória do morto.

Uma das dificuldades encontradas na atualidade é justamente o empobrecimento dos processos rituais de morte. Isso deixa as pessoas próximas sem referências, ninguém sabe o que fazer e dizer diante da morte.

Falta uma espécie de educação para lidar com este momento.

Sendo assim, quais dicas de rituais ou ações você daria para aliviar a dor da perda de alguém querido?

Clarissa De Franco: Escrever uma carta para a pessoa que morreu, dizendo tudo o que gostaria de ter dito e se despedindo, pode ajudar.

Além disso, é bom também procurar lembrar-se do sorriso ou de alguma característica positiva da pessoa e recorrer a essa imagem sempre que estiver mal.

Agradecer pelo tempo que passaram juntos e oferecer alguma coisa que foi produzido para essa pessoa, como um desenho ou um poema, também podem ajudar.

E o que fazer com objetos que remetem à lembrança da pessoa que se foi? É saudável mantê-los próximos de quem está sofrendo pela perda?

Clarissa De Franco: Os objetos fazem parte da memória e, claro, nos ligam ao morto. Por isso, cada um tem seu tempo para fazer uma “despedida” e aceitar que aqueles objetos não precisam mais ocupar lugar para substituir a pessoa que se foi, ou para que ninguém se esqueça de quem foi aquela pessoa.

Esta é a verdadeira morte, a morte da consciência e da memória e, por isso, muitos se apegam aos objetos do falecido como forma de manter a memória da pessoa viva. Mas é importante ter um momento de despedida, uma espécie de ritual para tirar da casa os objetos que não são mais utilizados.

Ficar com um amuleto que remete à pessoa que se foi pode ser uma alternativa, mas um quarto inteiro sem ser mexido depois de um tempo passa a não ser mais saudável.

Às vezes, mesmo com o apoio da família e amigos, uma pessoa não consegue superar uma grande perda. O que fazer nesses casos?

Clarissa De Franco: Os recursos são desde procurar ajuda médica e psicológica, até a busca de atividades que tragam um novo sentido para a vida, como grupos de apoio, esportes, religiões, filosofias de vida, cursos, mudança de casa, viagem, etc. A ideia é reconstruir um sentido.

O que uma pessoa que está vivendo o luto pode trazer de bom de uma tragédia?

Clarissa De Franco: Transformar o sofrimento em boas ações é um dos caminhos de elaboração do luto, que pode ter impacto positivo na vida do enlutado e na sociedade também.

Alguém que sofre uma perda por acidente, por exemplo, pode se engajar em campanhas de conscientização para evitar situações-problema no trânsito. A ideia é fazer da dor uma possibilidade de aprendizado e de reconstrução.

Acredito que não há medicamento mais poderoso para a dor, que a ajuda ao próximo e o compartilhamento dos aprendizados.

Para continuar refletindo sobre o tema

  • Alguns sites oferecem núcleos de atendimentos, pesquisa, ensino, extensão, informações e divulgações sobre morte e luto. Veja abaixo algumas sugestões da psicóloga Clarissa De Franco:
  • Instituo Vita Alere – Trata da prevenção e posvenção do suicídio, além de oferecer suporte para o processo de luto.
  • Instituto de Psicologia 4 Estações – Oferece suporte psicológico para situações de perda e luto.
  • Grupo Casulo – Oferece grupos de apoio para pessoas que perderam alguém querido e estão vivendo o luto.

7 dicas para amenizar a dor da perda de entes queridos

A dor da perda de um ente querido é, certamente, um dos mais profundos sofrimentos experimentados pelo ser humano. O choque inicial, a dificuldade em acreditar que nunca mais verá a pessoa amada, o sentimento de impotência, a falta de entendimento, o desânimo para com a própria vida, a saudade que sufoca.

As indagações sobre o porquê de aquela pessoa ter ido embora, muitas vezes junto ao pensamento de que era preferível que você tivesse ido em vez dela. É custoso para alguém que está passando pelo luto perceber que a morte é mesmo fortuita e, por mais amado que seja quem partiu, é um processo natural pelo qual todos iremos passar em algum momento.

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Para entender isso, é preciso superar um turbilhão de sensações e pensamentos negativos. Felizmente, algumas ações podem ajudar a minimizar o sentimento de tristeza e a enfrentar a dor diariamente para continuar a ser forte enquanto o tempo se encarrega de fechar as feridas. Continue a leitura para conhecer quais são elas!

1. Viva o luto

Se quem sofreu uma grande perda foi você, saiba que viver o luto é fundamental no processo de superação. Isso significa que não é preciso ignorar os sentimentos que tentam aflorar tão fortemente. Entregue-se ao momento e entenda, por mais difícil que isso pareça agora, que a tristeza vai diminuir com o tempo. Por isso, chore, grite, lamente-se!

Deixar a dor presa só atrasa o sentimento de alívio que, acredite, em algum momento chegará. Se alguém próximo a você está passando pelo luto, dê o espaço necessário para que essa pessoa atravesse o sofrimento inicial do jeito dela, mas esteja por perto quando for necessário: para uma conversa, um abraço ou somente uma presença reconfortante.

2. Compartilhe a dor

Em situações tão dolorosas como a perda de alguém querido, algumas pessoas têm o instinto de isolar-se. A tristeza é muitas vezes tão avassaladora que falta ânimo para as mais simples interações com outras pessoas. E ficar sozinho é muito válido — ajuda a refletir sobre o que aconteceu e, aos poucos, entender que a sua própria vida continua.

No entanto, é mais fácil enfrentar a falta quando se tem mais gente por perto. Lembre-se de que todos que são próximos estão passando por algo semelhante. Compartilhar o que está sentindo, mesmo a raiva ou a incompreensão, é uma forma de exteriorizar a dor da perda e encontrar apoio em outras pessoas que entendem a sua angústia.

3. Cuide da saúde

É preciso atenção especial quando a dor emocional vem acompanhada de outros sintomas, incluindo dores no corpo e baixa na imunidade. Um estudo realizado pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) e divulgado pela BBC concluiu que a dor emocional é processada pela mesma parte do cérebro que entende a dor física.

Por isso, prezar pela saúde do corpo é fundamental para evitar que o abatimento seja ainda mais crítico. Se você perdeu uma pessoa querida, tente alimentar-se corretamente, mesmo que não tenha fome ou a sinta em excesso. Se é próximo de alguém que está sofrendo, faça-o lhe acompanhar em uma breve caminhada, sempre com muito carinho.

4. Busque ajuda psicológica

Quando necessário, busque ajuda profissional para auxiliar no processo de superação, especialmente se o luto mais intenso já demora mais do que algumas semanas. Nesses casos, a tristeza pode evoluir para uma depressão ou transtorno de ansiedade, por exemplo. Por isso, é importante encontrar em um psicólogo ou terapeuta o apoio especializado.

Além de ouvirem sobre seus sentimentos, esses profissionais conhecem as melhores formas de lidar com as facetas do luto — a falta de aceitação, a saudade imensa, a perda de vontade de viver. Além disso, a dificuldade de dormir pode agravar o abatimento físico e emocional, por isso, em alguns casos podem ser receitados medicamentos para auxiliar no descanso.

5. Foque nas boas memórias

Uma boa forma de lidar com a dor da perda é concentrar-se nos bons momentos vividos ao lado de alguém querido. É importante aceitar a morte como um acontecimento inevitável e natural — não como algo que veio interromper injustamente uma história, mas sim como o fechamento de um ciclo que, certamente, rendeu bons frutos.

Mantenha viva a memória de quem se foi, mas esforce-se para valorizar tudo o que a passagem daquela pessoa acrescentou em sua vida. As palavras de carinho, os abraços apertados, cada experiência compartilhada, os sonhos confidenciados. Tudo isso é tão lindo e tão grandioso que merece ser mais lembrado do que a tristeza de não a ter mais por perto.

6. Reorganize a sua vida

O luto, após a sua fase mais crítica, pode servir para uma intensa reflexão em relação a si mesmo. A consciência sobre a morte pode ajudá-lo a viver melhor, já que você experimentou de perto o que é a efemeridade da existência humana. Tire disso uma valiosa lição e, no seu tempo, tente reorganizar sua própria vida.

Volte aos seus afazeres cotidianos, ocupe a cabeça e engaje-se em novos projetos. Aquele parente ou amigo amado que se foi sempre vai ter um lugar reservado no seu coração. No entanto, é preciso lembrar que outras pessoas precisam da sua presença de alguma forma, e que você deve a si mesmo a chance de recomeçar.

7. Não se culpe por superar o luto

Conforme o tempo for amenizando aquela primeira dor arrasadora, você vai começar a perceber o valor de viver a vida novamente. Não se negue isso! Parece injusto que aquele alguém querido não possa mais estar aqui para ser feliz e você sim, mas não é! Superar o luto não pode ser visto como motivo de culpa.

Em determinado momento, a tristeza se tornará latente, e você não precisa envergonhar-se de admitir isso. De maneira alguma, seu amor será menor: isso só significa que você está reaprendendo a viver mesmo com a falta daquela pessoa — certamente ela gostaria de vê-lo sorrindo de novo.

Seguir esses passos nada mais é do que ter paciência para deixar o corpo, a mente e o coração trabalharem para aliviar a dor da perda. Já ouviu aquele ditado de que o tempo é o melhor remédio? Por mais que a tristeza pareça insuportável agora, esforce-se para vencer um dia após o outro. Aos poucos, a dor vai dar lugar a uma saudade bonita de quem se foi.

Se você ou algum conhecido está passando por um momento delicado como esse, veja também o nosso post com dicas de filmes emocionantes que ajudam a lidar com as perdas!

Terapia do luto ajuda a superar a morte

Cada um tem a sua maneira de encontrar um alívio para a dor Foto: Dreamstime

A morte de alguém querido é como uma ferida. No início sangra, arde, dói de maneira quase insuportável. Com o tempo, vai fechando. O processo para curar essa ferida é longo e doloroso.

Cissa Guimarães, por exemplo, recorreu à ajuda da terapia do luto após a morte de seu filho Rafael, de 18 anos, atropelado em um túnel no Rio de Janeiro, no ano passado.

“Não é um dia após o outro, e sim um minuto após o outro”, contou ela.

A terapia do luto ajuda quem sofre essa perda a buscar dentro de si o que ainda dá sentido à sua vida, para reconstruí-la. “Procura-se enfatizar que o sofrimento é único e que ninguém o sentirá da mesma maneira.

Cada um manifesta sua dor de um jeito para encontrar um alívio”, explica Adriana Thomaz, psicóloga que deu apoio para Cissa.

“Com ela [Adriana], entendi melhor a morte, como fazer a conexão com o amor do meu filho e reaprender a viver”, revelou Cissa Guimarães em entrevista ao site UOL.

Parar a vida por causa de tanto sofrimento pode destruir até a saúde de uma pessoa. Para sair dessa é preciso lutar. “A qualquer tempo pode-se procurar ajuda especializada.

Acredito que a terapia do luto se iniciada logo após a morte, tem muitos benefícios, não pela ‘terapia’ em si, mas pelo aconselhamento.

O tratamento consiste nesse reaprendizado, descobrindo e reconhecendo a maneira particular de aquela pessoa viver seu luto e encontrar suas próprias ferramentas para aliviar a sua dor”, completa Adriana.

Fases do luto

1. Entorpecimento É preciso aceitar a realidade da morte.

2. Busca e saudade Viver a dor tentando entender o que está passando.

3. Desorganização e desespero “É a fase mais difícil, quando ‘cai a ficha’. A terapia do luto iniciada no início do processo ajuda a dar ferramentas de suporte para esses momentos mais difíceis, como a elaboração de uma forte rede de apoio, ajuda espiritual (não necessariamente religiosa) e a busca do sentido da vida”, explica Adriana Thomaz.

4. Reorganização e aceitação É a hora de se adaptar ao meio em que vive no qual o falecido não está mais. Fazer a redistribuição dos papéis por ele desempenhados e tirar a sua energia emocional dessa relação com a morte dele.

As perguntas mais frequentes

O que fazer com o quarto e pertences de um filho (desmanchar tudo fará a dor diminuir mais depressa)? Não. Desmanchar tudo não fará a dor diminuir depressa.

Quem deve decidir quando e como desmanchar o quarto daquele filho são os pais. Não há regra. O aconselhamento é que esses pais conversem muito. Se há dúvida, é importante esperar até o momento certo.

O quarto pode ficar montado por um tempo, de 3 a 6 meses.

Quanto tempo leva para que as coisas voltem ao “normal”? As coisas nunca voltarão ao normal, se você acha que isso significa ser tudo igual ao que era antes.

A pessoa não voltará mais e é preciso se acostumar com essa ausência nos ambientes que vocês costumavam dividir. Se o normal, para você, é a rotina, isso depende muito de cada um que está de luto.

Mas, geralmente, em seis meses já se começa a encontrar mais “normalidade”.

O que fazer nas datas comemorativas? Adriana afirma que os rituais são extremamente importantes, sobretudo nas datas comemorativas. Podem ser religiosos ou não. Mas devem fazer sentido para quem ficou. Por exemplo, se a pessoa que morreu gostava de fazer festas de aniversário, reunir seus amigos no dia pode ser uma boa, se isso fizer bem para você.

Como apoiar quem está sofrendo

A revolta também é um sentimento normal para quem está de luto. “Nada consola. O que se deve fazer é oferecer acolhimento e apoio”, diz Adriana.

Quem quer ajudar deve manter os braços abertos para que a pessoa manifeste qualquer tipo de sofrimento, sem conselhos, críticas ou cobranças.

“A primeira coisa é garantir ao enlutado que a dor da perda é para sempre, sim, mas a intensidade da dor, a característica do sofrimento, deve mudar”, assegura Adriana.

· Frases que podem atrapalhar: “Seja forte.” “Não chore, seu filho não ia querer te ver triste.” “O tempo cura tudo.” “Confio na sua força.”

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